18ª Pesquisa Nacional sobre SST
A 18ª edição da Pesquisa Nacional Sobre Saúde e Segurança do Trabalho apresenta um painel sobre o que pensa o profissional brasileiro de SST a respeito de temas como a preocupação das empresas com a prevenção, relação com entidades governamentais, atuação das CIPAs, qualificação dos produtos e serviços do setor, entre outros.
O levantamento bateu recorde de participação neste ano. Um total de 1.659 profissionais de SST responderam às informações solicitadas, fazendo desta a edição com maior representatividade na história da Pesquisa, realizada desde 1995 pela revista Proteção. Para isso, foram remetidos mais de 16 mil questionários impressos para todos os estados brasileiros, além de mais de 100 mil e-mails.
Os dados desta amostra atestam a preocupação e o rigor com que os profissionais brasileiros observam a qualidade dos produtos e dos serviços voltados ao setor no Brasil. Entre os destaques positivos está o item Qualidade dos Equipamentos de Proteção Individual (primeiro gráfico da página 48). Confirmando a tendência dos últimos anos, os profissionais que responderam aos questionários se mostraram satisfeitos com os EPIs vendidos no mercado brasileiro. Nada menos que 81,72% das respostas apontam como positiva a qualidade desses produtos. Outros 16,77% entenderam como regular e apenas 1,51% consideraram negativa.
Para o presidente da Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg), Jorge Smilgys, os dados do levantamento confirmam a ascensão da qualidade dos produtos do segmento nos últimos anos, processo iniciado ainda nos 1990, quando o Brasil começou a abrir seu mercado para os itens importados. "Nessa época, embora algumas empresas tenham falido, outras qualificaram seus processos e seus profissionais para se adaptarem à realidade do mercado, gerando produtos melhores e mais competitivos", recorda.
Outros fatores que contribuem para essa evolução, na avaliação do dirigente, são o aprimoramento do Certificado de Aprovação, com a certificação dos Equipamentos por meio do Sistema Inmetro, e a crescente conscientização dos profissionais de SST sobre a importância da qualidade dos EPIs. "Tanto os profissionais quanto as empresas evoluíram com toda a comunidade prevencionista e isto pode ser constatado através da atuação de entidades de profissionais e patronais de segurança", diz Smilgys, que ainda aponta a necessidade de aperfeiçoamento da fiscalização da venda de EPIs.
Antonio Vladimir Vieira, chefe do Serviço de Equipamentos de Segurança da Fundacentro, também acredita que a maior exigência dos consumidores serve de impulso para a elevação da qualidade dos Equipamentos. "Os usuários estão mais conscientes sobre a qualidade que esses equipamentos devem possuir e, claro, a fiscalização tem papel importante nisso também, assim como as novas normas de ensaios", analisa.
Insatisfação
Na contramão da avaliação dos EPIs, a pesquisa revela o descontentamento dos profissionais com os serviços prestados pelas assessorias em SST. Apenas 45,24% consideram o trabalho dessas empresas positivo e 44,03% qualificam como regular. Outros 10,74% assinalaram como negativos os serviços prestados.
Marcos Antonio Ribeiro, presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho no Estado de São Paulo (Sintesp), justifica a insatisfação dos profissionais do setor. Embora ressalte que nem todas as assessorias prestam serviços de baixa qualidade, ele afirma que a maioria das consultorias atua como uma simples "fabricante de papéis". "Temos diversas reclamações no Sintesp de que muitas empresas não trabalham eticamente. São contratadas na calada da noite para fabricar listas de presença de treinamentos, certificados, laudos, atas de reuniões de CIPA, exames médicos forjados, entre outros", diz.
Ribeiro também ressalta a ocorrência frequente de empresas contratadas apenas para elaborar o PPRA e o PCMSO, somente para cumprir a legislação, sem qualquer envolvimento com a corporação e sem qualquer serventia para a prevenção de acidentes. "Aqui em São Paulo, se procurar nas ruas do Centro, vai encontrar diversas empresas de Medicina do Trabalho vendendo PCMSO e dando de graça o PPRA. Sem contar a venda de ASOs, sem ao menos realizar os exames médicos específicos nos trabalhadores", acrescenta.
Concorrência
Armando Henrique, presidente Federação Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho (Fenatest), atribui a avaliação negativa à concorrência travada por empresas que oferecem serviços insuficientes a valores muito baixos. E que, graças ao preço competitivo, acabam conquistando clientes, principalmente quando a palavra final sobre a contratação da assessoria vem da área de compras ou de gestores com pouco conhecimento sobre SST. "Outro problema é da descontinuidade das ações. A principal diferença do SESMT próprio é que ele tem ações contínuas. O que se começa, tem continuidade. Mas, com algumas assessorias, o sujeito visita a empresa, preenche o papel, e entrega na empresa. O papel vai para a gaveta e, só no ano que vem, ele volta para preencher o papel novamente".
Para melhorar o cenário, Marlise de Matosinhos Vasconcellos, presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança (Sobes), salienta a importância da conscientização de quem contrata as assessorias. "O cliente tem que ter em mente que o investimento em SST só trará ganho para ele. O funcionário saudável produz mais e não traz prejuízo com os afastamentos por doenças e acidentes do trabalho", compara.
Clientes
O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (Abresst), José Carlos Carneiro, também acredita que as empresas clientes podem colaborar com a qualificação do setor. Para isso, segundo ele, não devem observar apenas o custo, considerando todos os benefícios que podem ser garantidos com a contratação de uma assessoria competente e organizada. "As empresas devem ir além, não apenas nos ganhos diretos, ao evitar multas e passivos trabalhistas. Devem entender a importância de uma equipe mais saudável, motivada, mais feliz e com maior produtividade", argumenta o dirigente, que também propõe a criação de uma certificação para as empresas do setor.
1 Comentário
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A fiscalização deve exigir qualidade e não simplesmente o cumprimento documental. Prestadores de serviço de baixa qualidade devem se extinguir pela evolução de seu predador natural. A vigia deve ser constante, deverá atuar independente de estatísticas e de pressões externas e internas. Só assim para que estas ``coisas da vida``, que o Pelé bisonhamente disse, deixem de acontecer! continuar lendo